02 set 2020
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Queimadas em MT atingiram área onze vezes maior do que a cidade de SP em 2020

Autor: Assessoria de Comunicação

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O fogo já atingiu 1,7 milhão de hectares do estado de Mato Grosso em 2020, uma área cinco vezes maior que a capital do estado, Cuiabá, e cerca de onze vezes maior do que o território da cidade de São Paulo (SP).

Dos biomas, o Pantanal foi o mais impactado proporcionalmente, com uma área de vegetação nativa queimada nove vezes superior ao quantitativo de desmatamento na região dos últimos dois anos.

A situação também é crítica para as Terras Indígenas (TIs) mato-grossenses, que concentram 18% de toda a área afetada pelos incêndios no estado.

Os dados se referem às áreas atingidas por queimadas entre janeiro e 17 de agosto e estão detalhados na nota técnica “Caracterização das áreas atingidas por incêndios em Mato Grosso”, lançada pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base em dados da plataforma Global Fire Emissions Database, da NASA (National Aeronautics and Space Administration) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O estudo identificou o tamanho da área incendiada no estado e categorizou as queimadas por biomas, categorias fundiárias e municípios mais afetados em todo o estado.

A nota também analisou os locais de origem e áreas afetadas pelos maiores incêndios no Pantanal durante o período proibitivo – decretado no dia 1º de julho e que segue até 30 de setembro.

“Os dados tornaram possível uma espacialização da área atingida. Dessa forma, conseguimos ter uma estimativa da área e não somente dos números de focos de calor”, explica Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV.

A nota assinada por Vinícius Silgueiro, Ana Paula Valdiones e Paula Bernasconi passou pela revisão de Douglas Morton, do Goddard Space Flight Center da NASA.

CATEGORIZAÇÃO DAS QUEIMADAS

O documento aponta que metade da área afetada por incêndios no período incidiu em imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR), com 874 mil hectares contabilizados. A categoria é seguida das áreas não cadastradas, que tiveram 367 mil hectares consumidos pelo fogo.

“Esses imóveis [cadastrados no CAR] ocupam a maior área no estado, então quando o fogo sai de controle, ele também se alastra neles. Mas o dado também é um indicador da origem da queimada principalmente nos imóveis rurais privados, de uso agropecuário, e mostra a associação do uso do fogo na sequência do desmatamento para a limpeza da área”, explica Vinícius, ao afirmar que os dados são importantes para ações de responsabilização pelos incêndios.

>>> ACESSE A NOTA TÉCNICA COMPLETA, EM PDF

Em terceira posição e com o registro de 307 mil hectares figuram as Terras Indígenas (TIs), das quais as mais impactadas foram as TIs Pareci e Parabubure, ambas localizadas no Cerrado.

Entre os biomas, a Amazônia registrou 37% das áreas, seguida do Pantanal, com 32%, e do Cerrado, com 31%.

O município com maior área afetada por incêndios foi Poconé com mais de 312 mil hectares atingidos e o correspondente a 18% de toda a área incendiada no estado. O município é seguido de Barão de Melgaço e Cáceres.

Juntos, os três municípios localizados no bioma Pantanal respondem por 31% da área impactada pelo fogo no estado no período analisado.

As consequências dos incêndios são grandes. “Vão desde os impactos para a biodiversidade e equilíbrio ambiental até prejuízos econômicos, como o comprometimento do potencial turístico tão importante para a região. Um dos maiores impactos ocorre na saúde da população local com o aumento da frequência de doenças respiratórias, em meio ao auge da pandemia do Covid-19 na região”, cita a nota.

SITUAÇÃO NO PANTANAL

Considerada a proporção entre área queimada e o extensão total, o Pantanal foi o bioma que mais sofreu pela ação do fogo: as chamas, que atingiram 560 mil hectares, já consumiram 9% do bioma no estado, uma área nove vezes maior que todo o desmatamento ocorrido na região nos últimos dois anos, que somou 59.950 hectares desmatados nos anos de 2018 e 2019.

O estudo também mostrou que 95% do fogo no bioma incidiu sobre áreas de vegetação nativa.

“É uma área grande de vegetação nativa atingida e está muito fora do padrão no bioma. É um impacto muito grande sobre a flora e a fauna”, avalia Ana Paula Valdiones, coordenadora do Programa de Transparência Ambiental do ICV.

Desde o início do período proibitivo, apenas nove pontos iniciais de incêndios se alastraram e foram responsáveis por impactar cerca de 324 mil hectares no Pantanal, maior parte da área total atingida por incêndios no bioma no período de quase 50 dias.

As nove frentes responderam por 68% de todos os focos de calor no período proibitivo no Pantanal mato-grossense. Os dados de focos de calor no estado são Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e são compilados pelo Monitor de Queimadas, plataforma de monitoramento lançada em julho pelo ICV.

“A partir da metodologia implementada, que combina os dados dos focos de calor e a interpretação de sequência de imagens de satélite, identificamos que apenas nove pontos iniciais de incêndio foram responsáveis pela destruição de cerca de 324 mil hectares, ou 67,5% da área total queimada no bioma nesse período”, relata a nota.

A análise de origem, aponta Vinícius, mostra que um número pequeno de incêndios pode resultar em uma grande área atingida, disseminação causada pelas condições climáticas e pela dificuldade no combate ao fogo. “O que também acabou levando a um número elevado de focos de calor no período”, afirma.

Dos nove, cinco pontos estão em imóveis cadastrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), três em áreas não cadastradas e um na TI Perigara, a terra indígena proporcionalmente mais impactada em todo o estado com 75% do território atingido. No dia 17 de agosto, sete das nove áreas de incêndios ainda estavam ativas.

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