04 jun 2020
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Bem-estar, saúde e educação unem comunidade na área rural de Alta Floresta

Autor: Assessoria de Comunicação

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Márcia da Silva é natural de Juína, município mato-grossense localizado na divisa com o estado de Rondônia. Junto do marido, mudou-se para Nova Bandeirantes, onde por um ano e meio os dois economizaram para adquirir a chácara onde hoje vivem e se sustentam na comunidade Nossa Senhora de Guadalupe, localizada no município de Alta Floresta, distante cerca de 800 quilômetros de Cuiabá.

A comunidade tem cerca de 50 famílias e é uma das tantas formadas pelo estabelecimento de pequenos agricultores familiares migrantes em busca de maior qualidade de vida na região norte de Mato Grosso.

Em 2014, algumas dessas famílias uniram-se e criaram a Associação Guadalupe Agroecológica (AGuA).

O principal objetivo da formação foi possibilitar um espaço de mobilização social frente aos desafios de uma região de fronteira agrícola dominada pela pecuária extensiva e o agronegócio. “As coisas ficam mais fáceis com um grupo maior”, diz Márcia.

A agricultora ainda trabalhou durante um ano na cidade de Alta Floresta como empregada após a compra da chácara na comunidade e hoje relata os avanços que tornaram possível o cultivo se tornar a principal fonte de renda dela e das outras famílias.

“Com apoio da associação e do ICV, nossa produção, que é orgânica, foi fortalecida. Foi uma corrente tão forte que hoje nossa chácara tá cheia. A gente entrega em mercados, em casas, na feira. Temos muito apoio e esse incentivo fez a gente ter mais interesse em plantar para vender, ter mais renda.”

Fortalecimento de práticas sustentáveis

Horta na Associação GuadalupePela iniciativa do projeto Redes Socioprodutivas denominada Rota Local, o ICV apoia a Associação Guadalupe e outras organizações na coordenação e logística pela inserção dos produtos da agricultura familiar na cadeia de alimentos dos municípios da região.

Durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus (COVID-19), um protocolo de segurança sanitária possibilitou a continuidade das atividades da iniciativa, assegurando renda aos pequenos agricultores familiares e garantindo a oferta de hortifrutigranjeiros de qualidade produzidos localmente e de modo sustentável à população de Alta Floresta.

A associação é uma das 20 organizações de seis municípios beneficiadas pelo projeto de financiamento do Fundo Amazônia e executado pelo ICV para o fortalecimento das cadeias produtivas implementadas de forma sustentável na região norte e nordeste do estado.

Nos últimos anos, a produção agroecológica da comunidade passou a ser fortalecida pelo acesso a projetos de fomento.

Pela associação, a comunidade também foi beneficiada pelo projeto Hortas Agroecológicas, que resultou em melhorias nos sistemas produtivos pela aquisição de sementes, equipamentos, kits de irrigação e insumos agrícolas para hortas e agroflorestas.

Além da produção sem agrotóxicos, insumos químicos nocivos à terra e à saúde humana, a agroecologia é baseada no princípio da economia justa e solidária – que prevê a cooperação e união das famílias agricultores que reflitam em resultados coletivos para a comunidade.

O agricultor associado Adir Rodrigues da Silva acredita no princípio e corrobora o atestado por Márcia.

“Unidos temos mais forças para lutar pelos direitos e conseguir recursos também”, afirma.

Paranaense, a família de Adir chegou na comunidade há 18 anos, onde continuou o trabalho que realizava com o método bioenergético, que utiliza ervas medicinais para sanar possíveis desequilíbrios no corpo que podem resultar em enfermidades.

“Já trabalhávamos com plantas medicinais que não podiam receber veneno e aí deixamos de usar em todo o resto”, conta.

A prática bioenergética deixou a comunidade conhecida pela técnica, hoje responsável por atrair visitantes de fora para os consultórios instalados por alguns dos comunitários que também atendem em outros municípios. O método, de eficácia comprovada, também é uma das 29 práticas integrativas complementares reconhecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Escola rural

Assistência técnica na Associação GuadalupePelo engajamento dos comunitários não só nas atividades produtivas, mas também em ações educacionais e recreativas, os projetos da associação visam a permanência na área rural pelas melhorias na qualidade de vida e valorização da cultura.

Resultado da vontade de pais e mães de oferecer aos filhos uma educação mais relacionada ao campo e à floresta, em 2017 a associação implementou a Escola Comunitária Ciranda da Terra.

O centro educativo atualmente atende 19 alunos com a proposta de oferecer uma educação rural inovadora, baseada no respeito ao meio ambiente e à individualidade de cada criança, e conta com o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Alta Floresta.

Pela associação, em 2019 a escola obteve recursos da Biblioteca Comunitária do Banco da Amazônia para a compra de livros, material de divulgação e estruturação da biblioteca. “Os agricultores gostam do ensino e todo mundo está satisfeito com a nova escolinha”, ressalta Márcia.

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