O Redes Socioprodutivas oferece assistência técnica para os produtores (Foto: Romário Fogaça do Prado)
Criadores de gado de leite em Alta Floresta e Nova Monte Verde, na Região Norte de Mato Grosso, estão aderindo à técnica do pasto rotacionado em busca de maior produtividade, facilidade de manejo, controle dos custos e conservação ambiental. A iniciativa conta com insumos e capacitação do projeto Redes Socioprodutivas, realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com apoio do Fundo Amazônia.
Neste ano, 20 propriedades rurais vinculadas à Associação dos Produtores de Leite de Nova Monte Verde (APLNMV) e à Cooperativa Mista Ouro Verde (COMOV) entraram em fase de implementação do sistema.
“A ideia do piquete rotacionado é dividir áreas grandes em pequenas, de acordo com o tempo de descanso, ocupação e a quantidade de animais”, explica Romário Fogaça do Prado, técnico de campo do Instituto Centro de Vida (ICV).
No sistema de manejo extensivo, o gado utiliza uma grande área de pastagem de uma única vez. O resultado é a degradação do solo e do capim devido ao pisoteio constante e a ausência de um período para a vegetação se recuperar.
No manejo intensivo, o espaço reservado para o pasto é recalculado e o território fragmentado em piquetes. Na proposta elaborada pelo projeto em conjunto com os produtores, essa área total da pastagem rotacionada compreende em média dois hectares (ou 20 mil metros quadrados) e acomoda ao menos sete vacas por hectare – podendo chegar a até 14 cabeças por hectare.
Os sistemas somam aproximadamente 24 lotes e possuem 830 metros quadrados cada, em média – os números variam de sítio para sítio e dependem da quantidade de animais e do tempo desejado para ocupação.
Os técnicos do ICV auxiliam os produtores de leite na definição do tamanho das áreas, de acordo com a realidade de cada família.
Dentro do piquete cercado, as vacas consomem, em um intervalo de 12 a 24 horas, o capim disponível. No dia seguinte, são conduzidas para o próximo piquete. Enquanto o gado completa o circuito do pasto rotacionado, o capim dos primeiros piquetes se recupera.
“Uma das vantagens é reduzir a força de trabalho. O produtor, que antes trabalhava em uma área grande, onde as vacas ficavam por vários dias consecutivos, com baixa taxa de animais, passa a utilizar uma área menor, com uma carga de gado maior, tendo um capim de alta produção gerando mais produção de leite por hectare”, argumenta Romário.
A produtora Maria da Silva, associada à APLNMV, concorda. “É muito mais fácil, porque hoje eu coloco as vacas no piquete e saio, elas estão ali”, relata ela.
Antes da implementação do sistema rotacionado, a produtora conta que precisava caminhar para longe para encontrar os animais.
O projeto Redes Socioprodutivas promoveu a implementação do pasto rotacionado como parte de um conjunto de estratégias construídas com a APLNMV e COMOV para fortalecer e promover a sustentabilidade da cadeia de valor do leite.
Maria lembra da primeira visita de Romário em sua propriedade e a apresentação da iniciativa. “Hoje o considero como um filho. Ele chega conversando e explica: ‘Vamos fazer assim que vai dar certo’.”
Outro associado à APLNMV é Mário do Nascimento, que deve inserir o gado nos piquetes do seu sítio dentro de 20 dias. “Eu não ia participar, mas mudei de ideia depois que vi as propostas, todas muito boas, e a oportunidade de realizar o meu sonho de ter as APPs (Áreas de Proteção Permanente) cercadas, protegidas.”
O aumento da produção tem sido significativo entre os participantes. Na propriedade de Maria, suas 16 vacas passaram a produzir 58 litros diários, um aumento de 45% em relação à média anterior (40 litros/dia).
Para Mário, essa possibilidade de controle é um dos aspectos mais interessantes da técnica. O produtor acredita que agora será possível mensurar o valor da produção, gerando dados para comparações no futuro.
O técnico Romário também enfatiza a importância do controle. “Atualmente os comerciantes que compram o leite das cooperativas questionam o preço do alimento, pois há o desconhecimento de quais são os custos envolvidos na produção”, relata.
Com o novo sistema, Romário defende que os modelos de gestão dos negócios dos produtores devem melhorar e eles terão mais poder de negociação no mercado de laticínios.
O Redes Socioprodutivas pretende ainda estimular que os produtores se tornem aptos a produzir o leite e derivados orgânicos.
A produtora Marcely Oliveira, da Associação dos Produtores Orgânicos de Alta Floresta (Aspoaf), também participa do projeto e já usava o sistema rotacionado com bons resultados. Além disso, seu sítio serve de referência, pois já produz o leite orgânico. Atualmente o projeto a auxilia no planejamento de uma queijaria artesanal e orgânica.
Mário valoriza a ajuda dos técnicos do ICV, que, segundo ele, “estão juntos” com o produtor e, quando a questão é simples, já resolvem por telefone. Para temas mais complexos, o atendimento é presencial. “Os meninos são bem trabalhadores”, elogia.
Marcely também expressa a gratidão à iniciativa. “A ajuda do projeto Redes Socioprodutivas do ICV é tudo de bom, pois tínhamos o sonho e, com o apoio do instituto, ele está virando realidade”.
Formas ensacadas, enfileiradas e cobertas de sangue simulavam uma chacina em plena Praça Alencastro, no centro de Cuiabá. Durante esta quinta (18), quem passou pelo local não pôde evitar o choque. Dentro das sacolas, contudo,...
ver maisO Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), prevê que a agricultura familiar tenha ao menos 30% de participação na merenda escolar de cada município. Em Alta Floresta (MT), no ano de 2021, no entanto, taxa...
ver maisO Instituto Centro de Vida (ICV) abriu edital para contratação de consultoria para verificar informações disponibilizadas na internet pelos Estados e o Distrito Federal sobre regularização ambiental. O objetivo é a realização de um levantamento...
ver maisRua Estevão de Mendonça, 1770, Quilombo
Cuiabá – MT – Brasil
CEP: 78043-580
+55 (65) 3621-3148
Av. Ariosto da Riva, 3473, Centro
Alta Floresta – MT – Brasil
CEP: 78580-000
+55 (66) 3521-8555
Fique por dentro dos nossos conteúdos exclusivos para você.
© 2020 - Conteúdo sob licenciamento Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil ICV - Instituto Centro de Vida
Desenvolvido por Matiz Caboclo