22 mar 2019
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Projeto incentiva produtores a adotarem a técnica do pasto rotacionado

Autor: Assessoria de comunicação

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O Redes Socioprodutivas oferece assistência técnica para os produtores (Foto: Romário Fogaça do Prado)

Criadores de gado de leite em Alta Floresta e Nova Monte Verde, na Região Norte de Mato Grosso, estão aderindo à técnica do pasto rotacionado em busca de maior produtividade, facilidade de manejo, controle dos custos e conservação ambiental. A iniciativa conta com insumos e capacitação do projeto Redes Socioprodutivas, realizado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com apoio do Fundo Amazônia.

Neste ano, 20 propriedades rurais vinculadas à Associação dos Produtores de Leite de Nova Monte Verde (APLNMV) e à Cooperativa Mista Ouro Verde (COMOV) entraram em fase de implementação do sistema.

“A ideia do piquete rotacionado é dividir áreas grandes em pequenas, de acordo com o tempo de descanso, ocupação e a quantidade de animais”, explica Romário Fogaça do Prado, técnico de campo do Instituto Centro de Vida (ICV).

No sistema de manejo extensivo, o gado utiliza uma grande área de pastagem de uma única vez. O resultado é a degradação do solo e do capim devido ao pisoteio constante e a ausência de um período para a vegetação se recuperar.

No manejo intensivo, o espaço reservado para o pasto é recalculado e o território fragmentado em piquetes. Na proposta elaborada pelo projeto em conjunto com os produtores, essa área total da pastagem rotacionada compreende em média dois hectares (ou 20 mil metros quadrados) e acomoda ao menos sete vacas por hectare – podendo chegar a até 14 cabeças por hectare.

Os sistemas somam aproximadamente 24 lotes e possuem 830 metros quadrados cada, em média – os números variam de sítio para sítio e dependem da quantidade de animais e do tempo desejado para ocupação.

Os técnicos do ICV auxiliam os produtores de leite na definição do tamanho das áreas, de acordo com a realidade de cada família.

O tamanho dos piquetes é definido em conjunto com os produtores (Foto: Romário Fogaça do Prado)

Dentro do piquete cercado, as vacas consomem, em um intervalo de 12 a 24 horas, o capim disponível. No dia seguinte, são conduzidas para o próximo piquete. Enquanto o gado completa o circuito do pasto rotacionado, o capim dos primeiros piquetes se recupera.

“Uma das vantagens é reduzir a força de trabalho. O produtor, que antes trabalhava em uma área grande, onde as vacas ficavam por vários dias consecutivos, com baixa taxa de animais, passa a utilizar uma área menor, com uma carga de gado maior, tendo um capim de alta produção gerando mais produção de leite por hectare”, argumenta Romário.

A produtora Maria da Silva, associada à APLNMV, concorda. “É muito mais fácil, porque hoje eu coloco as vacas no piquete e saio, elas estão ali”, relata ela.

Antes da implementação do sistema rotacionado, a produtora conta que precisava caminhar para longe para encontrar os animais.

O sistema rotacionado facilita o manejo das vacas (Foto: Romário Fogaça do Prado)

O projeto Redes Socioprodutivas promoveu a implementação do pasto rotacionado como parte de um conjunto de estratégias construídas com a APLNMV e COMOV para fortalecer e promover a sustentabilidade da cadeia de valor do leite.

Maria lembra da primeira visita de Romário em sua propriedade e a apresentação da iniciativa. “Hoje o considero como um filho. Ele chega conversando e explica: ‘Vamos fazer assim que vai dar certo’.”

Outro associado à APLNMV é Mário do Nascimento, que deve inserir o gado nos piquetes do seu sítio dentro de 20 dias. “Eu não ia participar, mas mudei de ideia depois que vi as propostas, todas muito boas, e a oportunidade de realizar o meu sonho de ter as APPs (Áreas de Proteção Permanente) cercadas, protegidas.”

O aumento da produção tem sido significativo entre os participantes. Na propriedade de Maria, suas 16 vacas passaram a produzir 58 litros diários, um aumento de 45% em relação à média anterior (40 litros/dia).

Para Mário, essa possibilidade de controle é um dos aspectos mais interessantes da técnica. O produtor acredita que agora será possível mensurar o valor da produção, gerando dados para comparações no futuro.

O técnico Romário também enfatiza a importância do controle. “Atualmente os comerciantes que compram o leite das cooperativas questionam o preço do alimento, pois há o desconhecimento de quais são os custos envolvidos na produção”, relata.

Com o novo sistema, Romário defende que os modelos de gestão dos negócios dos produtores devem melhorar e eles terão mais poder de negociação no mercado de laticínios.

O Redes Socioprodutivas pretende ainda estimular que os produtores se tornem aptos a produzir o leite e derivados orgânicos.

A produtora Marcely Oliveira, da Associação dos Produtores Orgânicos de Alta Floresta (Aspoaf), também participa do projeto e já usava o sistema rotacionado com bons resultados. Além disso, seu sítio serve de referência, pois já produz o leite orgânico. Atualmente o projeto a auxilia no planejamento de uma queijaria artesanal e orgânica.

Mário valoriza a ajuda dos técnicos do ICV, que, segundo ele, “estão juntos” com o produtor e, quando a questão é simples, já resolvem por telefone. Para temas mais complexos, o atendimento é presencial. “Os meninos são bem trabalhadores”, elogia.

Marcely também expressa a gratidão à iniciativa. “A ajuda do projeto Redes Socioprodutivas do ICV é tudo de bom, pois tínhamos o sonho e, com o apoio do instituto, ele está virando realidade”.

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