23 jul 2013
Notícias

Projeto Cotriguaçu Sempre Verde apoia desenvolvimento e integração da etnia Rikbaktsa

Autor: Assessoria de comunicação

Compartilhe nas redes sociais

Texto e fotos: Andrés Pasquis / ICV

Na região noroeste do estado de Mato Grosso, encontra-se Cotriguaçu, que faz parte da Lista dos Municípios Prioritários para ações de prevenção e controle do desmatamento na Amazônia. O município, com nove mil quilômetros quadrados compostos por Unidades de Conservação, assentamentos, áreas particulares e Terra Indígena (TI), é também o foco de ação do projeto Cotriguaçu Sempre Verde desenvolvido pelos diferentes grupos da sociedade local com o apoio do Instituto Centro de Vida (ICV). O objetivo do projeto é implantar uma nova trajetória socioeconômica e ambiental no município, com atividades que permitam a manutenção da floresta, através da redução do desmatamento e da degradação florestal graças ao desenvolvimento de atividades produtivas com menos impacto sobre os recursos naturais e ações de governança ambiental. Nesse contexto é crucial a integração de áreas protegidas no planejamento e gestão ambiental do município, para garantir a integridade dessas áreas, bem como a cultura e o meio de vida dos povos da floresta. No caso do ICV, trata-se de um trabalho com a comunidade indígena da aldeia Babaçu, etnia Rikbaktsa, da TI Escondido.

Rodrigo Marcelino, analista socioambiental do Instituto e responsável pela atividade, explica que o trabalho consiste na elaboração de um plano de gestão ambiental e territorial da TI. Assim, o primeiro passo, chamado etnomapeamento, identifica lugares de grande valor histórico, ideológico e com recursos naturais utilizados em práticas cotidianas da etnia, foi finalizado com a ajuda de anciões de outras aldeias Rikbaktsa. Na sequência, serão realizadas as oficinas de avaliação ecológica que consiste em analisar a situação atual dos recursos naturais utilizados e seu manejo, além de identificar as potencialidades de geração de renda. A parti daí será construído o etnozoneamento da TI onde serão pensadas ações estratégicas para cada zona que poderão ser implementadas no curto, médio e longo prazo.

Todas essas atividades exigem muito trabalho e cuidado para que sejam desenvolvidas de forma participativa e colaborativa, de modo que as pessoas envolvidas sejam protagonistas na busca de soluções, relata o analista. Além disso, esse ponto é fundamental para a integração das áreas protegidas no município de Cotriguaçu e no Estado e, no caso da Terra Indígena, na busca de autonomia através do planejamento e gestão de seu território, aspecto imprescindível para a elaboração de um diálogo intersetorial eficiente. Nesse sentido, Raimundo Iamonxi, morador da Aldeia e membro do Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA) de Cotriguaçu, foi eleito representante da região noroeste para o desenvolvimento rural sustentável indígena para participar do Fórum Estadual. Ele explica que é importante que a aldeia possa ser representada nos diferentes espaços da sociedade e que sua situação seja conhecida e compreendida para que possa preservar seus direitos e tradições.

Rodrigo ressalta que todas as atividades de construção do plano de gestão são também oportunidades para a etnia se 198fortalecer culturalmente, resgatando suas histórias e costumes, como com a construção do makyry ou “rodeio” (a casa dos homens), que ocupa um lugar central na Aldeia, resgatando um aspecto cultural, tradicional e histórico.

Por outro lado, é também preciso construir estratégias que viabilizam a geração de renda no curto prazo para a comunidade. Neste sentido, a aldeia vem articulando, junto com parceiros locais, a venda de castanha beneficiada para a merenda escolar.

Neste contexto, entre os dias 21 e 24 de julho será realizado um intercâmbio com as etnias Surui e Zoró, de Rondônia, cujo objetivo é compartilhar experiências sobre a construção dos planos de gestão e alternativas de geração de renda em trabalhos com seringa e castanha. Dokta Rikbakta, cacique da Aldeia Babaçu, espera que todo este trabalho e esforços permitam garantir os direitos, a proteção do território e a dignidade desse povo.

Atualmente, os Rikbaktsa da TI Escondido estão em fase de construção do plano de gestão ambiental e territorial com a expectativa de finalizar o documento até o final deste semestre, quando o documento servirá como um guia para a implantação das ações prioritárias que poderão garantir a segurança territorial e o modo de vida da etnia.

O Projeto

O projeto Cotriguaçu Sempre Verde visa contribuir para a construção de uma nova trajetória de desenvolvimento socioambiental e econômico para esse município, pautada na conservação e no manejo sustentável dos recursos naturais. Para isso, o projeto atua em cinco frentes: Boas Práticas Agropecuárias para o gado de corte e de leite, Gestão Ambiental Municipal, Bom Manejo Florestal, Governança dos recursos naturais nos Assentamentos e Integração das Áreas Protegidas. O projeto Cotriguaçu Sempre Verde é desenvolvido pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e parceiros com apoio do Fundo Vale.

Revisão: Rodrigo Marcelino / ICV

Galeria de Imagens: clique para ver em tela cheia

Tags

Leia também...

© 2020 - Conteúdo sob licenciamento Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil ICV - Instituto Centro de Vida

Desenvolvido por Matiz Caboclo