Andrés Pasquis / ICV
Atualmente, no estado de Mato Grosso, Alta Floresta e Querência são os únicos municípios, de um total de 22, a terem saído da lista de municípios críticos do desmatamento na Amazônia, criada em 2007 pelo Ministério do Meio Ambiente e que impõe várias sanções, como por exemplo, o embargo ao crédito rural para propriedades sem o Cadastro Ambiental Rural (CAR).
Paranaíta, que integra a lista, acaba de iniciar um trabalho para mudar essa realidade, com o Programa de Regularização Ambiental, lançado na última sexta-feira.
Tony Ruffato, prefeito municipal, expressou a vontade do município de sair dessa lista, comprometendo-se a fornecer todo o apoio necessário para a implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). “O CAR é uma responsabilidade do município, tanto para sair da “lista negra”, como para ter acesso aos diversos tipos de financiamento e facilitar assim a vida da população”, explicou.
Seguindo esse compromisso, Aline Francieli de Souza, secretária de Meio Ambiente do município, ressaltou a importância do Programa de Regularização Ambiental e a urgência de aplicá-lo. Ela explicou que segundo o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), o município tem até dois anos para fazer o CAR. Para isso, a Secretaria de Meio Ambiente de Paranaíta propõe uma estratégia com várias metas, como o fortalecimento do Conselho Municipal de Meio Ambiente (CMMA) e do Fundo Municipal de Meio Ambiente. Entre os objetivos elencados está ainda a recuperação da Agenda 21 como ponto de desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população.
Os dois representantes do município concordam que os aspectos mais importantes na aplicação dessa política são o compromisso e a participação total da população, por isso, vão desenvolver um trabalho para que haja essa interação e envolvimento.
Durante o evento, Weslei Butturi, técnico de Geotecnologias do Instituto Centro de Vida (ICV), apresentou um breve histórico do CAR e descreveu o procedimento de realização, passo a passo, antes de evidenciar os benefícios outorgados pelo documento obrigatório. Entre eles estão: a facilidade de venda dos produtos e de acesso aos créditos; a redução das possíveis multas; a tão prezada saída da lista de municípios que mais desmatam; e a possibilidade de evitar problemas com órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) ou a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA).
Irene Duarte, coordenadora da Iniciativa de Gestão Ambiental Municipal do ICV, explicou que o processo do Cadastro é, sobretudo, uma questão de segurança para todos, ressaltando principalmente a noção de segurança hídrica. A coordenadora disse que a água no planeta, como em cada propriedade, é uma riqueza escassa e limitada, cujo ciclo é frágil e ameaçado. “É necessário evitar a escassez do precioso líquido, evitando sua degradação através de medidas variadas, como a recuperação e proteção das matas ciliares, entre outras. Pois, afinal, sem água, como fica sua propriedade? Sua casa? Sua vida? Seu corpo? Agua é nosso ouro branco, nossa vida!”, ressaltou a ex-secretária do Meio Ambiente de Alta Floresta.
Apoiando-se nessa visão, o prefeito de Paranaíta pediu para que todos refletissem no tipo de mundo que se quer deixar para as futuras gerações: um mundo com ou sem água? “Depende da boa vontade de todos ajudar o meio-ambiente e a nós mesmos”, finalizou.
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