Organizações não governamentais entregaram uma Carta Aberta ao ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, e ao governador de Mato Grosso, Pedro Taques, durante reunião realizada nesta quinta-feira (16), em Cuiabá, que discutiu o alinhamento de ações de combate ao desmatamento no estado. O documento contém três recomendações consideradas emergenciais para enfrentar o desmatamento ilegal em Mato Grosso: reforço e intensificação da fiscalização, possibilidade de os Estados captarem, diretamente, recursos para o desmatamento evitado (REDD+) e monitoramento constante do compromisso pelo desmatamento zero até 2020, anunciado pelo governo estadual em 2015.
A entrega da Carta foi motivada pelo fato de Mato Grosso apresentar uma situação considerada crítica nessa agenda: desmatamento de 1.508 km² (mais de 150 mil hectares) entre agosto de 2015 e julho de 2016, segundo dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além disso, 95% do desmatamento ocorrido em 2016 foi ilegal – ou seja, feito sem autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT).
De acordo com Sérgio Guimarães, membro da coordenação do Instituto Centro de Vida (ICV), as altas taxas de desmatamento e de ilegalidade indicam que as ações realizadas pela Sema-MT e pelo Ibama não estão dando os resultados que a sociedade espera e precisa. “As perdas do desmatamento são muito altas e vão além do clima e da biodiversidade. Elas atingem o agronegócio e a população, com secas ou inundações. Colocam em risco também a captação de recursos internacionais para investimentos nesse setor, que condicionam isso à redução do desmatamento”, reforçou Sérgio.
O ministro Sarney Filho disse que todo produtor deveria se convencer sobre a importância do serviço ambiental que a Amazônia presta não só para o Brasil, mas para todo o continente. “Dá para o estado se desenvolver, o país de desenvolver, mas ao mesmo tempo mantermos nossos biomas prestando serviços [ambientais]”, reforçou.
Um dos encaminhamentos da reunião nessa pauta foi a assinatura de um termo de cooperação integrada com o MMA para a criação de uma base avançada de monitoramento e fiscalização do desmatamento na região Noroeste de Mato Grosso. Nesta área, estão localizados os dez municípios que mais desmatam no estado, entre eles Colniza, que ocupa o topo dessa lista há cinco anos. Apenas em 2016, o município foi responsável pelo corte de 22.500 hectares de floresta – o que representa 16% de todo o desmatamento ocorrido em Mato Grosso nesse ano.
“A proposta é trabalhar de forma sincronizada, planejada e inteligente, concentrando esforços entre as instituições estaduais, federais e municipais para fazer este enfrentamento, tendo como objetivo principal cumprir a meta assumida pelo Governo de Mato Grosso na COP 21 (Conferência do Clima) de Paris, em 2015, que é zerar o desmatamento ilegal até 2020”, disse o secretário de Meio Ambiente, Carlos Fávaro.
Sobre os investimentos previstos para o desmatamento evitado em Mato Grosso (REDD+), já existem negociações em andamento, mas que precisam de um acordo entre o MMA e o governo estadual para o recebimento desses recursos. O Althelia Climate Fund propôs investir 16 milhões de reais, com potencial de chegar a R$ 46 milhões. E o banco alemão, KFW, também tem interesse em investir no sistema de REDD+ em Mato Grosso, podendo chegar a R$ 75 milhões. “Estão acontecendo negociações muito importantes que representam grandes oportunidades de investimento em meio a um cenário de incertezas. Para isso, é fundamental que o governador acompanhe as negociações e que o MMA permita ao Estado receber diretamente esses recursos”, ressaltou Sérgio Guimarães.
Ainda durante a reunião, o secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, Everton Frask Lucero, disse que a base legal para essa captação já foi publicada, através da Resolução nº 03, de dezembro de 2016, que lista os princípios orientadores para o funcionamento desse mecanismo no Brasil. “Não há nenhuma resistência da parte do MMA com relação a que os Estados possam abrir canais diretos de captação internacional de recursos referentes a REDD+. A nossa intenção é que os próximos passos sejam o detalhamento de como os Estados podem captar esses recursos, quais os limites, quais as condições. Deste modo, o governo federal não terá que analisar e aprovar cada processo passo a passo”, garantiu Lucero.
A viagem do ministro a Cuiabá integra a Caravana Verde de combate ao desmatamento, que já passou por outros estados da Amazônia Legal.
Assinaram a Carta Aberta: Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto Socioambiental (Isa), The Nature Conservancy (TNC) e Environmental Defense Fund (EDF)
A análise completa sobre o desmatamento em Mato Grosso, elaborada pelo ICV, pode ser conferida no link: http://bit.ly/ICVdesmatamento2016
Open letter in English here
Enquanto a média da produtividade da pecuária bovina no Brasil se mantém em cerca de 4,5 arrobas por hectare/ano, uma propriedade rural do município amazônico de Nova Bandeirantes, região norte de Mato Grosso, virou caso...
ver maisA pandemia cobrou um preço alto do segmento que mais coloca comida na mesa da população brasileira. Ao longo dos últimos dois anos, o fechamento de canais de comercialização como feiras, mercados institucionais, encerramento de...
ver maisEnquanto a devastação da floresta amazônica avança em ritmo acelerado, o baixo nível de transparência dos estados sobre o setor madeireiro segue estagnado. Uma pesquisa que analisou a evolução da atividade na Amazônia entre 1980...
ver maisRua Estevão de Mendonça, 1770, Quilombo
Cuiabá – MT – Brasil
CEP: 78043-580
+55 (65) 3621-3148
Av. Ariosto da Riva, 3473, Centro
Alta Floresta – MT – Brasil
CEP: 78580-000
+55 (66) 3521-8555
Fique por dentro dos nossos conteúdos exclusivos para você.
© 2020 - Conteúdo sob licenciamento Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil ICV - Instituto Centro de Vida
Desenvolvido por Matiz Caboclo