Raíssa Genro/ICV
Checar e avaliar os impactos da construção de uma hidrelétrica por quem, de fato, sofre os efeitos. Esta é a proposta do monitoramento participativo de impactos socioambientais de hidrelétricas no Rio Teles Pires, localizado na bacia do Tapajós. A ação é inédita na região ao reunir universidades, organizações não governamentais como o Instituto Centro de Vida (ICV), Internacional Rivers e Instituto Socioambiental (ISA), indígenas, agricultores e pescadores, reunidos no Fórum Teles Pires, além do Ministério Público. Uma das ferramentas usadas traz a participação de atores sociais para a pesquisa científica, sendo conhecida como Citizen Science, além de registros de narrativas e visuais.
O monitoramento terá como foco a defesa dos direitos de populações atingidas, especialmente dos grupos citados acima, como povos indígenas, pescadores e agricultores familiares; a qualidade do meio ambiente, além de propor a disseminação de informações de interesse público, fomentando debates sobre novas hidrelétricas na Amazônia. Pretende-se que a discussão sobre quais e como ocorrem os danos destas obras na região do rio Teles Pires sirva de exemplo para evitar novas violações dos direitos das comunidades e a manutenção do meio ambiente equilibrado em outros locais.
Os temas que serão avaliados no processo de acompanhamento foram discutidos com os próprios grupos impactados no início de março em um encontro em Alta Floresta e partem da experiência vivida por cada setor atingido. O próximo passo será confirmar o que de fato foi feito, dentro dos processos de monitoramento desenvolvido pelas empresas e governo. “A governança é muito frágil nestas obras de grande impacto. Atropelam as legislações, a informação gerada tende para um lado só. Quem fiscaliza são os próprios empreendedores.”, destaca Brent Milikan, da Internacional Rivers, uma das organizações que, juntamente com o ICV é integrante do Fórum Teles Pires.
Importante ponto levantado para fortalecer o processo de garantia de direitos das populações é a necessidade do engajamento das Universidades. Tanto acompanhar as condicionantes das que já estão em fase de implantação como dos estudos de impacto ambiental (Eia-rima) para as que ainda não começaram. “As hidrelétricas são recentes em nossa região, é preciso que a Academia se debruce sobre o rio Teles Pires e Juruena, sobre a indústria energética, produzindo estudos e buscando financiamentos para pesquisas.”, ressalta Maria Ivonete de Souza, professora da Unemat e participante do Fórum Teles Pires. A Universidade da Flórida (UF) e a Universidade Federal do Tocantins através da Rede Internacional Barragens Amazônicas irão atuar na troca de experiências entre povos indígenas. “Usaremos a metodologia da pesquisa-ação junto ao povo caiabi, trazendo elementos inclusive já usados internacionalmente”, reforça Simone Athayde, da UF.
Um ponto que marca o diferencial deste tipo de acompanhamento frente ao feito pelas próprias empresas é o conceito de “favor”, explicado durante o encontro em Alta Floresta por Biviany Rojas Garzón, do ISA. Ao invés de entender que é uma obrigação das empresas fazer o que está previsto nos relatórios de impactos, um direito daqueles que foram atingidos, fica a impressão de os atos são favores: uma doação de ambulância, a construção de uma escola, etc. A proposta participativa feita pelas populações inverte esta lógica. “O monitoramento independente coloca os atores em melhores condições de negociar direitos e não favores”, sintetitza Biviany. “Com este monitoramento participativo queremos fazer com que os processos de redução de impactos sejam realmente efetivos e não somente presentes na legislação”, destaca João Andrade, coordenador do Núcleo de Articulação em Redes do ICV.
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