22 ago 2014
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É possível aproveitar o potencial energético do bioma Pantanal sem prejuízos socioambientais?

Autor: Assessoria de comunicação

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Foto: Djhuliana Mundel / ICV

Foto: Djhuliana Mundel / ICV

Encontrar soluções que aliem desenvolvimento econômico e conservação dos diferentes ecossistemas presentes no bioma Pantanal é um dos desafios que especialistas, pesquisadores, representantes de hidrelétricas e organizações não governamentais discutiram esta semana durante o II Congresso Brasileiro de Áreas Úmidas (II Conbrau). Considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta e mundialmente reconhecido pela riqueza biológica e cultural que apresenta, o Pantanal é motivo de grande preocupação pela forte pressão que a região vem sofrendo com a instalação de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH´s) na região.

De acordo com Débora Calheiros, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), hoje estão previstas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a construção de 154 PCH´s na região, das quais 44 já estão em operação. “Isso representa 70% do potencial hidrelétrico da Bacia do Alto Paraguai, valor considerado elevado, pois nenhuma bacia pode ser explorada em 100% do seu potencial hidrelétrico; é uma sentença de morte para os rios e para quem vive naquela região”, disse ela.

Além das implicações ambientais, os empreendimentos hidrelétricos também geram uma série de implicações sociais, culturais e econômicas para as populações ribeirinhas que residem no entorno.

João Andrade, coordenador da Iniciativa Defesa Socioambiental do Instituto Centro de Vida (ICV), ressalta que essas populações diretamente afetadas pelos empreendimentos, como pescadores e agricultores familiares, não são envolvidas nos debates técnicos sobre a instalação dessas PCH´s. “É necessário criar um espaço de discussão permanente onde essas populações locais, os órgãos de governo e os empreendedores possam dialogar. Os atores locais tem que ser trazidos para essas discussões e seus posicionamentos devem ser levados em consideração”, pontuou ele.

O grupo se reunirá novamente nos próximos meses para validar as propostas sugeridas durante o evento, dentre elas, a criação de um espaço permanente de discussão entre governo, empreendedores e sociedade civil.

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