13 nov 2012
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Combate a cigarrinhas das pastagens é tema de oficinas e dia de campo em Cotriguaçu

Autor: Assessoria de comunicação

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Daniela Torezzan / ICV

A cigarrinha das pastagens se tornou uma praga que tem tirado o sono de muitos pecuaristas em Mato Grosso. O bichinho, embora pequeno, faz um estrago grande e traz prejuízos para os pequenos, médios e grandes criadores de gado, não respeitando limites de cercas ou propriedades. O ataque da cigarrinha provoca desde a perda de nutrientes e enfraquecimento do capim até a morte de pastagens completas.

Produtores rurais, como Diego Balvin Kolm, de Cotriguaçu, região noroeste de Mato Grosso, relatam que, a cada ano, a praga tem sido mais intensa e os gastos para combatê-la também. “Faz três anos que tento acabar com as cigarrinhas no meu pasto. Todo ano compro mais veneno e a infestação delas só aumenta. Ou seja, cada ano que passa, gasto mais dinheiro e o problema só aumenta”, desabafa o jovem pecuarista.

Segundo o professor Vander de Freitas Rocha, da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) a observação de Diego é verdadeira e preocupante. Ele explica que existem quatro causas principais para isso: o uso indiscriminado de veneno que causa um desequilíbrio ecológico e faz aumentar o aparecimento de pragas, pois elimina também os predadores naturais da cigarrinha, como aranhas e formigas; as queimadas que degradam o solo; a existência de muitas áreas homogêneas, ou seja, grandes extensões de pastagem com um único tipo de capim; e ainda o próprio manejo inadequado da pastagem que favorece a reprodução da espécie.

Contudo, é possível controlar a cigarrinha das pastagens com menos gastos e menor impacto ambiental através de uma técnica disponível e acessível: trata-se do controle biológico através do uso do fungo Metarhizium anisopliae.

De acordo com o professor, a utilização desse fungo tem vantagens e pontos desfavoráveis em relação ao uso do veneno no combate a praga. As principais vantagens são: custa três vezes menos que o veneno, não é preciso retirar o gado da pastagem para aplicação (como ocorre com o veneno), não elimina os predadores naturais da cigarrinha e se reproduz nas pastagens quando encontra ambiente adequado. Como pontos desfavoráveis, o professor Vander cita a dificuldade ou a falta de atenção dos pecuaristas com relação aos critérios para armazenamento e aplicação do fungo. “O fungo precisa: ser transportado e armazenado sob refrigeração, ser aplicado com umidade superior a 75%, ou seja, em época de chuva constante, em horários mais frescos do dia (de preferência no final da tarde), em pastagens que tenham, pelo menos, 35 cm de altura e onde a praga esteja presente”, explicou.

Esse fungo está sendo produzido e comercializado pela Fundação Agroambiental da Amazônia (FUNAM), ligada à prefeitura de Alta Floresta e quem não tem carácter de empresa comercial, sendo um laboratório de pesquisa e difusão da técnica.

Para saber mais sobre o controle biológico da cigarrinha das pastagens através da utilização do fungo Metarhizium anisopliae, 41 pecuaristas se reuniram na Câmara Municipal de Cotriguaçu e outros 45 no Projeto de Assentamento Nova Cotriguaçu entre os dias 10 e 11 deste mês para participar de duas oficinas realizadas pelo Instituto Centro de Vida (ICV) no âmbito do projeto Cotriguaçu Sempre Verde que, entre as atividades, trabalha com as Boas Práticas Agropecuárias para gado de corte e leite. Além da parte teórica, os participantes também aprenderam a reconhecer as fases da cigarrinha, a manejar e aplicar o fungo na prática. Um dia de campo foi realizado na fazenda Sofia, de propriedade de Florentino Martins, e outro com parte teórica e prática, na propriedade do assentado Moisés Ferreira de Jesus, na comunidade Novo Horizonte.

Para Eduardo de Azevedo Sodré Florence, analista em Pecuária Sustentável do ICV, a participação superou as expectativas. “Nosso interesse é levar informações para que os agricultores e pecuaristas tenham mais qualidade de vida com menos impactos para o meio ambiente. Ou seja, para que eles possam desenvolver suas atividades com boa renda e preservação dos recursos naturais, pois isso vai garantir que as futuras gerações tenham o mesmo”, disse.

O projeto
O projeto Cotriguaçu Sempre Verde, desenvolvido pelos diferentes grupos da sociedade local com o apoio do ICV e de parceiros, trabalha para o estabelecimento de uma nova trajetória de desenvolvimento socioeconômica e ambiental para o município, pautada em atividades que permitam a manutenção da floresta, reduzindo o desmatamento e a degradação e apoiando o desenvolvimento de atividades produtivas com menos impacto sobre os recursos naturais. Para isso, desenvolve iniciativas que aliam apoio ao desenvolvimento da gestão ambiental municipal, o programa do bom manejo florestal (Prodemflor), as boas práticas agropecuárias, o apoio à governança social e ambiental nos assentamentos e a integração das áreas protegidas. O projeto é apoiado pelo Fundo Vale.

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