As piadas de Tião provocam o riso dos clientes durante a negociação dos produtos. Ruth oferece o suco de milho gelado aos clientes que compram suas pamonhas e hortaliças. Rosângela mostra os potes de requeijão: cremoso e de corte e a família de Oséias divide as tarefas na confecção de pasteis fritos na hora e tapiocas de diferentes recheios enquanto a fila se forma em frente a barraquinha.
Impactados pelo advento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), os agricultores familiares do município de Nova Bandeirantes se organizaram para realizar uma feira semanal para a venda da produção do campo que, com a falta das encomendas, acabava desperdiçada.
A inauguração ocorreu no dia 4 de dezembro e o evento será realizado toda sexta-feira na Praça Central de Nova Bandeirantes. A ação é organizada pela Associação de Produtores da Estrada Arapongas e Londrina (Apral) e da Associação São Brás.
Os feirantes utilizaram máscara e álcool em gel como medidas de prevenção contra a disseminação do vírus.
As duas organizações rurais comunitárias são apoiadas pelo Redes Socioprodutivas, projeto com financiamento do Fundo Amazônia/BNDES que tem o objetivo de apoiar o fortalecimento das cadeias produtivas de cacau, castanha, leite, babaçu, café e hortifrutigranjeiros nas regiões norte e noroeste do estado.
PANDEMIA
A maioria das famílias associadas têm a produção escoada pelos mercados institucionais, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA).
Com a pandemia e a suspensão das encomendas pelas políticas públicas de incentivo à agricultura familiar no abastecimento da merenda escolar, por exemplo, os produtos sobravam e as finanças dos agricultores faltavam.
Para a agricultora Elaine Cristina Guilherme, a inauguração da feira foi um símbolo de esperança em meio à crise sanitária.
“Passamos por momentos de muita dificuldade com a pandemia e o desânimo se fez presente. A gente se viu obrigado a descartar produção nossa de ótima qualidade”, conta.
“Com isso, eles se viram na necessidade de buscar outra fonte de renda. Alguns não estavam plantando, outros com colheita contínua como a banana, não sabiam o que fazer. A feira foi uma saída”, explica Luan Cândido, técnico do ICV e um dos organizadores do evento. “Agora, um dos agricultores até comentou que como profissão vai se chamar de agricultor feirante”, comenta.
A maior parte das 10 famílias expositoras era feirante de primeira viagem na inauguração da iniciativa.
Colher as folhas na horta, as frutas nas árvores e encarar o fogão de onde saem tudo isso é rotina das famílias, mas o contato com o consumidor final de seus produtos foi inédito.
Para os agricultores, a experiência superou as expectativas. “Foi ótima para a primeira vez. Veio muita gente, estamos animados com a próxima. Agora só vamos melhorando”, avalia o agricultor Oséias Teodoro Cândido.
No evento foram comercializados hortaliças, doces, bolos, quitutes, pamonha, pães, ovos e queijos. Ao total, foram quase R$3 mil de produtos comercializados.
“Me faz ter a certeza de que estamos no caminho certo, é emocionante”, completa Elaine.
O empresário Claudemir Menin, proprietário de um restaurante na cidade, foi conferir a novidade na praça central. “É uma iniciativa muito válida, são produtos da terra que nós na cidade temos que valorizar, o povo tem que incentivar pra animar os produtores a produzir cada vez mais”, afirma.
Além disso, acrescenta, é produção mais fresca do que do supermercado, muitas vezes abastecido por hortifrutigranjeiros do Ceasa, vindos de fora do estado.
Luan afirma que o principal diferencial da produção da feira ainda é a qualidade dos itens, produzidos com método de produção sustentáveis e sem insumos nocivos à saúde.
Com a assessoria técnica do ICV, as famílias feirantes se encontram na fase de transição para a produção orgânica e são integrantes da Rede de Produção Orgânica da Amazônia Mato-grossense (REPOAMA).
O contato direto com os consumidores finais de seus produtos também é uma novidade que vem agregar e dar ânimo ao trabalho no campo, explica Luan.
“Dá mais valor ao papel deles na cadeia alimentar de todos e eles percebem sua importância”, diz.
A aposentada Neivalda Santrin comprou algumas hortaliças e saiu satisfeita com o que viu de variedade no evento. “Admiro muito os agricultores. Eu mesma já fui, há muito tempo, mas hoje não tenho mais ‘coragem’ não”, conta.
“É muito trabalho e por isso é importante esse incentivo”, diz ao acrescentar que é uma das primeiras moradoras do município de Nova Bandeirantes.
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