Com técnicas que permitem o aumento da produtividade na mesma área, propriedades de pecuária localizadas na região norte de Mato Grosso, colaboram com a diminuição da emissão de gases do efeito estufa na Amazônia.
Ampliar o trabalho pioneiro realizado na região para mais fazendas é o objetivo do Projeto Conect@gro, que foi iniciado neste ano, reúne diversas instituições e ingressou em nova etapa recentemente.
Recentemente, foi realizada a contratação de doze estagiários que irão atuar no projeto, que tem entre seus focos a reaproximação entre assistência técnica e academia.
Os estagiários são do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e do Grupo de Estudos da Pecuária Integrada da Universidade Federal de Mato Grosso (GEPI/UFMT), todas instituições parceiras do projeto.
Os estudantes de Zootecnia foram recebidos pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e pela Campo SA em um evento de integração na semana passada, quando foram apresentadas as linhas de atuação do projeto que visa alinhar sustentabilidade e produtividade na pecuária da região.
“Percebeu-se uma vontade grande de aprender e uma satisfação de poder ir a campo conhecer a prática. A expectativa é de que haja ainda mais estudantes envolvidos e as parcerias com as instituições de ensino se ampliem”, avalia Renato Farias, diretor-executivo do ICV.
O diretor da Campo SA, Murilo Guimarães, afirma que existe uma apreensão de estudantes e recém-formados para realizar contato com o produtor.
“Muita gente sai da universidade sem saber fazer assistência, dar consultoria e tem dúvidas de como se comunicar com o produtor. Esse projeto também mostra que é possível trazer as pessoas para que saiam profissionais mais bem preparados para o mercado de trabalho”, diz.
Os alunos irão acompanhar os técnicos da empresa especializada em assessoria técnica nas visitas do projeto.
O Projeto Conect@gro irá atender 15 propriedades de médio porte, com tamanho médio de 600 hectares. Ao total, somará mais de 9 mil hectares com melhorias técnicas na produção e na gestão da propriedade.
O projeto é implementado pelo Instituto Centro de Vida (ICV), em parceria com Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), do Grupo de Estudos da Pecuária Integrada da Universidade Federal de Mato Grosso (GEPI/UFMT), Universidade Federal de Goiás, Sicredi, Embrapa Agrossilvipastoril e Campo S/A.
O projeto é financiado pelo Programa REM, executado em parceria com o Governo do Estado de Mato Grosso, Banco de Desenvolvimento (KfW) Alemão e a Secretaria de Negócios, Energia e Estratégia Industrial (BEIS) do Reino Unido, e tem como gestor financeiro o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
As atividades do projeto abarcam diversas áreas: gestão do negócio, planejamento de produção, capacitação, manejo de pastagens, suplementação alimentar, recuperação de áreas degradadas e outras.
BENEFÍCIO AMBIENTAL E ECONÔMICO
O ICV, aponta Renato, mostra na prática os resultados de uma integração entre econômico, social e ambiental.
“Esse projeto também é um vetor de disseminação das boas práticas que fixam o produtor no campo dentro de critérios permanentes”, diz.
Existe uma demanda global pela redução de emissões de gases de efeito estufa, em geral ligadas à atividade da pecuária.
Isso é ainda mais evidente quando se trata da Amazônia, bioma sob pressão de desmatamento e de importância global para a manutenção do equilíbrio climático.
Murilo acrescenta que falta o entendimento de que as práticas sustentáveis não são restritas à mitigação de impactos da crise climática, objeto de preocupação e origem das pressões internacionais.
“É preciso quebrar alguns paradigmas dentro e fora da universidade. Nosso trabalho é mostrar que esse conjunto de práticas traz um diálogo consensual e não polarizado como muito se vê hoje em dia, é um modelo que preserva o meio ambiente e ao mesmo tempo, possibilita o lucro do produtor”, diz.
Uma das motivações da elaboração do projeto foi o distanciamento entre extensão rural e as instituições de ensino.
Na prática, afirma Murilo, ainda falta que as boas práticas de produção sejam incorporadas de forma mais substancial na grade curricular das instituições.
“É ser mais atento à realidade e entender de fato o benefício de implementar a sustentabilidade em campo. Nós, como agentes externos, também podemos entrar nesse apoio. Precisamos mostrar cada vez mais de que para produzir, não é necessário desmatar”, diz.
Para Darline Carvalho, sócia da Campo SA e supervisora dos estagiários, a experiência dos estudantes permitirá que se faça parte desse trabalho.
“Eles podem pegar esse conhecimento e prática, transformar em trabalho e apresentar em uma disciplina como fertilidade de solo, por exemplo”, cita.
Além disso, afirma Darline, os conhecimentos acadêmicos e dúvidas são de grande valia para a equipe técnica do projeto, o que possibilita uma troca de saberes.
No evento de integração, os estagiários participaram de dinâmicas e palestras que permitiram o alinhamento das expectativas das instituições e dos próprios estudantes.
Logo após, foram desenvolvidos os planos de estágios de cada um. “Também é uma experiência nova para nós, é uma troca que nos trará novos aprendizados”, finaliza.
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