O agricultor familiar Gessi Alves Ribeiro mantém a simplicidade da vida no campo. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV
Sucena Shkrada Resk/ICV
“Temos nossa roça e oito nascentes conservadas, porque precisamos de água potável e deixar a mata ciliar crescer…Largar essa vida, nem pensar. Aqui a gente fica tranquilo. Se passo três dias na rua, fico doido para voltar para casa”, afirma o agricultor familiar Gessi Alves Ribeiro, 66 anos, que vive há 17 anos na comunidade Santa Clara, no Projeto de Assentamento (PA) Nova Cotriguaçu, no município de Cotriguaçu, no Noroeste de Mato Grosso, Amazônia.
Ao redor de sua casa modesta de madeira, junto com sua esposa e companheira de trabalho Aldair da Silva Ribeiro, com quem vive há quatro décadas, o agricultor ajuda a cultivar flores e frutíferas, como cacau e manga, além de hortaliças. “Minha esposa gosta de ter um jardim na porta e eu zelo por isso”, diz. Em outra parte do sítio, o casal deixou a mata crescer ‘naturalmente’.
Com fala mansa, Ribeiro afirma que tudo tem seu tempo. Esta é sua filosofia de vida e cita como exemplo as próprias mudanças que teve em seu cotidiano – “Por nove anos, vivemos por aqui sem energia, à base de lampião e há oito decidi instalar energia solar por iniciativa própria”, conta o baiano, pai de seis filhos e avô de trezes netos. Antes, ele revela que sabia das notícias por meio do seu “radinho de pilha”. “Faz cinco anos que comecei a assistir TV”, afirma.
É nessa rotina modesta que “senhor Gessi”, como é popularmente conhecido, se sente bem. O agricultor conta que diminuiu a intensidade do trabalho, nos últimos anos, mas mantém cultivos para a subsistência, como arroz, milho e feijão. Nos momentos de descanso, não é difícil flagrá-lo com o olhar distante, debruçado na janela de sua casa de madeira, ao lado de uma das netas. Nessas horas, a memória vai longe, faz uma volta ao tempo, desde sua vivência na lavoura, no estado de Rondônia, quando começou a cultivar café. “De lá para cá, foram muitas sacas. Aqui, em Cotriguaçu, chegamos a ter uma safra muito boa, com 15 sacas”, diz.
“Senhor Gessi” integra o grupo de famílias de agricultores familiares na Associação de Pequenos Produtores Rurais de Santa Clara, que recebe assessoria técnica do Instituto Centro de Vida (ICV) e parceiros, no Projeto Noroeste: território sustentável, com apoio do Fundo Vale. A principal meta do projeto é fortalecer e consolidar o noroeste de Mato Grosso como um território florestal, por meio do incentivo e da disseminação de soluções produtivas sustentáveis e com boa governança socioambiental.
Veja também:
Da terra ao doce: o processo do valor agregado
Maria Margarida: uma relação harmoniosa com a terra
Conhecida como Rosinha, Rosângela Aparecida dos Santos morou muito tempo na cidade, diferentemente da maioria das mulheres que hoje integram a Associação de Trabalhadoras Rurais e Artesãs de Nova Monte Verde (Amurverde), organização rural do...
ver maisA agricultora Débora Maria Fiametti estava em casa quando sentiu o aumento da temperatura. Olhou para fora e, ao avistar fumaça, alertou o esposo. Sem acesso à internet, a família saiu em busca de ajuda...
ver maisLocalizada a cerca de mil quilômetros de Cuiabá, Nova Bandeirantes já foi conhecida como a capital do café em Mato Grosso. Por um processo de (re)ocupação agrária regido por legislações de benefício exclusivo aos latifundiários,...
ver maisRua Estevão de Mendonça, 1770, Quilombo
Cuiabá – MT – Brasil
CEP: 78043-405
+55 (65) 3621-3148
+55 (65) 3621- 8578
Av. Ariosto da Riva, 3473, Centro
Alta Floresta – MT – Brasil
CEP: 78580-000
+55 (66) 3521-8555
Fique por dentro dos nossos conteúdos exclusivos para você.
© 2020 - Conteúdo sob licenciamento Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil ICV - Instituto Centro de Vida
Desenvolvido por Matiz Caboclo